Pode até parecer não fazerem muito sentido o primeiro e este texto, mas, como introdução, é apenas para deixar claro como as coisas simples podem ser no mínimo interessantes.
Confesso que, particularmente, não gosto de livros que sejam muito comuns ou simples em seu conteúdo, porém um conto, uma pequena história, que mostra como coisas ordinárias podem parecer atraentes já é diferente aos meus olhos. Não sei que tipo de recepção pode ter essa continuação, mas, ainda assim, gostaria que ela fosse apreciada pela sua simplicidade.
Não é um costume. Não gosto de coisas simples.
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Mr. Vincent
Parte II
Era um homem de visão, com toda a certeza. A vida poderia ter sido diferente, se assim tivesse permitido ou procurado; mas não era o que desejava.
Havia todo um complexo de inteligência e visão moderna que o rodeava, porém se perguntava se existiria realmente a necessidade de todo um investimento intelectual e profissional para alcançar o mais alto dos postos. Por vezes acreditava que sim; na maioria das vezes, não.
Suas ambições caminharam por um lado distinto do que lhe fora proposto pelos pais. A fortuna familiar não se perpetuou da maneira como desejavam; ele jamais colocou as mãos sobre o dinheiro da herança, menos ainda sobre os negócios que, indiretamente, lhe eram impostos.
Não possuía qualquer espécie de arrependimento.
Não poderia dizer viver a mais incrível das realizações profissionais, entretanto se sentia pleno consigo mesmo e simplesmente não desejava nada além. Toda a fortuna fora dividida entre seus quatro irmãos e acabou por se recusar a carregar sua parte. O orgulho por vezes era um problema, tinha de admitir.
Orgulhoso, de classe média, magro, alto e feio... Quem diria ter conseguido conquistar aquela mulher. Não poderia chamar de tarefa fácil, porém difícil, também não poderia mentir, não fora. A facilidade estava na ordinária magnética que os havia tragado um ao outro e isso independia do dinheiro ou da aparência. Dependia da lábia, dos sorrisos, da maneira com que a aproximação se deu.
Uma vez mais, não havia arrependimentos. Arrependimentos, traições, desejos não ortodoxos por outras mulheres. Não poderia dizer ser a santidade em forma humana, todavia aquela criatura em especial o mantinha deveras ocupado para que conseguisse pensar em qualquer outra.
Era muito tempo de casamento. Já fora apaixonado, já desejou ir embora, já havia implorado para que ficasse, já se haviam atracado de ódio no chão e, posteriormente, feito amor. Se o amor e o ódio caminhavam juntos, eles eram perfeitos um para o outro.
Monica não poderia se dizer a mulher mais fácil de lidar. Séria, fria, com aqueles olhos penetrantes. Caso fosse definir, em uma só palavra, o sentimento que lhe beirava diariamente ao imaginar aquela expressão de carranca, seria “ansiedade”. Ansiedade por vê-la, por conseguir arrancar um sorriso seu; ansiedade diária até que retornasse para casa e pudesse mirar seus olhos escuros.
Os sorrisos estavam menos freqüentes; talvez não fosse das mais interessantes sensações ser demitida e ter no seu lugar uma mulher mais jovem. A escolha não era sua, todavia a mudança parecia nada menos do que esdrúxula.
Não importava. Ela era sua e sua somente. Ninguém precisava aborrecê-la em sala de aula, importuná-la com questões que não estavam atreladas ao seu contrato. Tinha consciência de que jamais havia se importado com tais questões, mas ele não se sentia confortável.
Possível que fosse puro egoísmo desejá-la apenas para si. Talvez pelo fato de que nunca tiveram filhos, jamais aprendera a dividir.
Acostumara-se a capturar os poucos sorriso para si, enchê-la de agrados para que jamais se fosse, algo que pode ter feito com que o sentimento de posse desabrochasse em seu peito, o que não existia antes, quando se conheceram ou até mesmo no início do casamento.
Trinta e dois anos com brigas, sorrisos e nenhum arrependimento.
Ao abrir a porta da biblioteca escura, o aroma forte do cigarro penetrou suas narinas e pôde ter a certeza de que ela lá estava, sentada na cadeira de balanço, observando tudo e ao mesmo tempo nada pela janela.
Aquele fantástico sorriso se fez nos lábios cheios quando adentrou ao lugar. Não se colocou de pé; houve somente a movimentação da cabeça para o lado e o apagar do cigarro no cinzeiro, denotando que a atenção havia sido prestada como estava nos conformes.
Ela não se incomodava com a sua simplicidade e ele não se incomodava de ter a mais fantástica das mulheres.
Prazer, Mr. Vicent, gostei do senhor. XD E gostei de conhecer mais um pouquinho sobre a Miss Monica, tinha achado ela tão carrancuda e amarga, mas parece que ela não é tanto assim. Tem mais? Tem mais? :D
ResponderExcluirHahaha. Não era o objetivo inicial, mas, sim, já que desejam, posso fazer uma continuação.
ExcluirUau, belo texto, parabéns Bell!! Não li o primeiro texto, mas vou procura agora e conhecer o início da história de Mr. Vincent (possessivo ele, não?!) e Mônica.
ResponderExcluirgostei de ler um um mais sobre Mr. Vicente e MIsses Monica, vai ter mais? :D
ResponderExcluirTambém não li o primeiro :0
ResponderExcluirAmei e estou esperando mais coisas
bjs
lindo texto adorei o Mr Vicente ,quero mais
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